Panela que dois mexem…


 
Um antigo ditado dizia que “panela que dois mexem não sai temperada”. Em outras palavras, afirma que é impossível dois cozinharem ao mesmo tempo. 

Dá, sim! Mas há um condimento essencial: comunicação.

Ele se dedicou à linguística e à neurolinguística; ela, ao serviço social e à visitação de pessoas necessitadas, como parte do grupo de mulheres da igreja.

Hoje, antes do almoço, ele estava cuidando da abobrinha, porque queria que ficasse crocante, enquanto ela queria aquela mesma boca do fogão para outro fim.  Mas o que fez? Nada disse! Levantou a chaleira que estava em outra boca e ficou olhando para as abobrinhas que o marido misturava ao caldinho, levando-o a pensar que ela despejaria a água em algum recipiente sobre a pia. No entanto, ela continuou olhando para a panela de abobrinhas e, em dado momento, já meio inflamada, disse:

– Chega! Tu não queres que fique crocante?

Quando o marido desligou o fogo de sob a abobrinha, ela o reacendeu e pôs a chaleira!

Ele pensou:

– Quantas décadas de desentendimentos podíamos ter poupado, se ao menos tentássemos dialogar… Se ao menos ela tentasse falar comigo a metade do que conversa com as amigas...

Minutos depois, serviu-se, enquanto se perguntava por que a mulher por quem estava apaixonado há quase meio século conversava bastante com outras pessoas, mas com ele quase nunca tinha diálogo.

Então provou as abobrinhas. O gosto era amargo. Elas pareciam responder à pergunta, sussurrando baixinho:

– Ela nunca te amou!  

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