Segredos de tio Jó - O PACTO

  

Tio Jó teve muitos amigos. Quando passei uns dias com ele, sempre selecionou experiências para compartilhar. Desta vez falou sobre um casal que conhecia há tempos.

Os dois se encontraram na cidadezinha minúscula alguns anos antes, em 27 de janeiro. Muito significativamente, quando o servo de Deus pretendeu fazer com a moça um pacto de amizade, Deus não permitiu, mas mandou pactuar que não haveria pecado nos relacionamentos dela nem nos dele. O homem expôs com absoluta clareza e mencionou o que Malaquias 3 afirma sobre o memorial diante de Deus para o “sim, sim” dos justos. Ao dar-lhe um beijinho de “selo”, viu na profundeza dos olhos dela que o tempo parou e penetraram misteriosamente numa brecha infinitesimal e inesquecível da eternidade.

Deus tem Seus caminhos insondáveis. O encontro foi providência divina, porque no segundo dia do ano Ele havia revelado pela primeira vez o plano de usar os dois juntos no Reino. Então o servo obediente pediu que Deus confirmasse, e para isso revelasse o mesmo também a ela – o que se cumpriu uma semana depois.

Quando ele me contou isso já era 2012. 
Ela foi ficando impaciente e decidiu não mais esperar pela promessa de Deus e começou a dizer que tudo não passava de fantasias dele (e dela também, pois Deus havia confirmado para ela), mas o servo de Deus percebia que a mudança nas atitudes dela escondiam muito mais. Uma série de “coincidências” gerou crescente abismo no diálogo, até que em novembro do ano anterior Deus assombrou o servo, ao mostrar abertamente coisas que ela negava. Ao saber das piores, o homem de Deus se lançou com o rosto no chão, intercedendo com lágrimas por quem amava tanto que seria capaz de dar a vida por ela, se Deus pedisse.

Quando Deus o confortou, mandou suspender por um tempo toda a significativa e generosa ajuda mensal que o homem dava a ela com imensa alegria.

Naqueles dias de grande peso, o Senhor deu a um pastor distante a visão daquela pessoa querida numa situação dificílima, encurralada por cinco cachorros numa espécie de cercado sem saída. A Bíblia é clara sobre que tipo de gente os “cães” são. Em seguida Deus lhe deu a visão de uma viagem que ela faria ao Rio e que a impactaria profundamente.
Tempos depois, Deus confirmou a situação no desabafo de um parente:
"Ela é mentirosa e só se relaciona com gente que não presta". 

Em 3 de Dezembro, ele estava em Itapema e ligou para alertar sobre o astronômico descontrole dela nas últimas despesas que ainda seriam pagas pela conta bancária dele. Estava muito aflito e, nervoso, tentou aconselhar algumas coisas, implorando que ela controlasse as despesas. Ante o que ela disse, tentou propor um novo pacto, mas a reação foi taxativa:

“Eu não quero nenhum pacto contigo”.

Um novo pacto costuma ser mais importante que o antigo, mas o homem de Deus a respeitou.

“Então Deus te abençoe”.

Foi a última vez que se falaram.

Em 19 de abril seguinte, ela enviou a ele um SMS pensando ser o enganador que o diabo havia escalado para destruí-la. Começava assim:

“Oi, meu comandante. Futriquei em tudo e só achei o teu número”. Mas não era o número do “comandante”, e sim do homem de Deus, que leu meticulosamente todo o “torpedo”, e, com muita oração e reflexão, algumas horas depois respondeu:  

“Preciosa do Altíssimo, Deus fez revelares o teu novo número de celular, mas eu não sou o teu ‘comandante’. Isso prova que não inventei nada”. Etc. Dois dias depois ela respondeu com um enigmático SMS em branco.

Como se responde um torpedo em branco?

Na semana seguinte, já em outra viagem, mas ainda sob intenso impacto da ocorrência, e convencido de que era melhor propor o novo pacto, o homem de Deus escreveu alguns e-mails para preparar o ambiente. PORÉM, quando ia escrever o email pactuando sobre “ela e o comandante”, Deus mandou não escrever mais nada. Quando o servo perguntou porquê, Deus lhe deu um motivo:

“Porque ELA declarou que não quer pacto contigo”.

Continuando a interceder, ele argumentou que, já que ela havia escolhido o “comandante”, era melhor orarem em concordância pela conversão e transformação dele, para cancelar o plano diabólico de destruir a vida dela. Ele estava certo de que Mateus 18.19 podia trazer a resposta.

Então Deus reiterou que não:

“Há um segundo motivo, além de ela não querer pactos contigo: EU não quero que faças esse pacto”.

Os anos se passaram e o silêncio permanece. O homem de Deus às vezes se lembra dela quando vê a tradução de “Perseguindo o Sonho da Sua Vida”, que fez exclusivamente para ela, e que começa assim:  

Tuas crenças se tornam os teus pensamentos;

Os teus pensamentos se tornam as tuas palavras;

As tuas palavras se tornam as tuas ações;

As tuas ações se tornam os teus hábitos;

Os teus hábitos os teus valores;

E os teus valores se tornam o teu destino.

E então se entristece, porque no livro fez a ela esta dedicatória:  
”Estou muito feliz por ter achado alguém cujos sonhos são tão grandes quanto os meus”

Pior ainda quando a memória evoca o doloroso clamor de Julio Iglesias em “Nathalie”:

¿Qué será de ti?
¿Dónde estás que ya
A mi atardecer
Ya no has vuelto más?
¿ Quién te cuidará?
¿Vivirá por ti?
¿Quién te esperará,
Nathalie?

Ou seu coração se derrete na triste doçura dos suaves acordes de violino, em “Candilejas”:

¿Qué será de ti, a dónde irás?…
Más que yo… nadie, mi amor,
Buscó tu amor con tanto amor 
 …

Y aunque sé que nunca volverás…

Em seguida faz pausa nas músicas sentimentais para meditar um pouco, porque Deus ensinou um segredo: quando sente certo desconforto, é porque o Espírito Santo quer mostrar que tem algo melhor para que ele faça, e então a satisfação volta a enchê-lo e a motivação vai enriquecendo o seu desejo de compartilhar os tesouros que o Senhor compartilha. 

Lembra-se de Daniel 1.8: “assentou no seu coração não se contaminar”. Decidido incondicionalmente a fazer a vontade de Deus, sabe que a consequência é inefável: “achou-se nele um espírito excelente” (Daniel 5.12). Prossegue aplicando a si mesmo Filipenses 4.4: “Alegro-me no Senhor! Outra vez digo: regozijo-me no Senhor!”

Lembrando-se de quanto Deus o ama e de quão grandes decepções o livrou, prossegue com 1 Tessalonicenses 5: “Regozijo-me sempre. Oro sem cessar. Em tudo dou graças, porque é a vontade de Deus em Cristo Jesus para comigo. Examino tudo e retenho o que é bom. … Todo o meu espírito, alma e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis e saudáveis, sempre. Fiel é o que me chamou e que também o faz”.

Firmado na Palavra, que reaviva todos os dias no seu interior, a cada dia troca as tristezas pelas promessas, porque Deus sempre reafirma: “Aquele pacto não foi entre vocês. Foi entre Mim e vocês”.

[Nota: postagem original em21/11/ 2015. Editado hoje (dois anos e um dia depois) por um erro de digitação]